domingo, 18 de outubro de 2009

Fundo azul...?



Acordei com uma vergonha estranha. Uma espécie de ressaca moral descabida. Um misto de não ser mulher o suficiente para arcar com as conseqüências, nem inocente o bastante para deixar passar despercebidas as responsabilidades por meus atos. Uma decepção comigo mesma por não ter prosseguido com o que estava prestes a encaminhar, e um orgulho desmesurado de conseguir não fazer o que esperavam que eu fizesse.

Pensei em você o dia todo. Relembrei a noite que passamos. Conversas. Olhares. Sorrisos. Brincadeiras. Tanta verdade...! É incrível como eu consigo ser completamente como sou quando não quero ser ninguém de modo algum.

Encanei com a confiança que compartilhamos. Nem nos conhecemos. Nem temos afinidades. Como podemos dormir de mãos dadas como se fôssemos cúmplices? Não nos pretendemos amigos, nem sequer amantes. Não gostamos de elos, não nos atamos a correntes que pesam em nossos espíritos.

Mas rimos. Aceitamos o silêncio entre o que não queríamos falar e o que necessitávamos ouvir. Fomos além do que julgávamos possível para dois seres completamente apartados como nós.

Apesar da alegria com a qual dormi, não soube me despedir divertidamente. Estou envergonhada...

O bom é que é uma vergonha boa de se sentir. Vergonha acolhedora. Vergonha de quem deseja sentir a face corando uma outra vez.


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