Sentimental...

Queria saber colocar em palavras a imensidão do que sinto por você... sei lá... Se não fosse para escrever, que fosse para cantar, berrar, olhar na sua cara e dizer, te ligar de madrugada e deixar sair de mim o que existe com a mais forte força, mas força insuficiente para te fazer entender. E, também, para que eu conseguisse me olhar no espelho e explicar a mim mesma como uma pessoa que apareceu do nada na minha vida, dividiu alguns queijos e cervejas comigo, uma parte dos meus sonhos, meu colchão e a maioria dos meus complexos, fechou a porta do mesmo jeito que abriu, virou o tal pozinho mágico, deixando apenas aqueles brilhinhos indicando que houve algo que continuará suspenso no ar, guardado na imaginação, dando luz àquela saudade de quem sabe que já foi mais, mas que hoje é apenas o que deixaram que se fosse... Nostalgia? Pessimismo? Ou falta do que fazer para preferir lamentar o que quis e o que não conquistou?
Só sei que talvez (com certeza) você seja uma daquelas cicatrizes que todo mundo carrega no joelho... Você deita com sua velhice na maca do consultório para começar seu tratamento de varizes e o médico te olha com aquele ar cúmplice de quem sabe das peraltices que cometeu na vida... Você fica vermelha, olha pro teto, tenta disfarçar... mas acaba devolvendo o olhar que revela que também sabe que um dia ele respirou toda a liberdade do mundo até se acabar no chão, com sua bicicleta ropodiando diante dele, metros e metros a fio. E como que para disfarçar, ele diz que seu filho também tem uma cicatriz daquelas...