A toda hora me pego perguntando como é que você veio parar em minha vida. Será que algum anjo ouviu meus pedidos de príncipe encantado da adolescência e resolveu realizá-los agora? Será que, como disseram todos os astrólogos e numerólogos e besteirólogos em suas previsões para 2010, esse é o meu ano, o ano em que tudo que eu desejo vai se transformar em realidade, o ano em que as esperas se encerram e que caminhos mais livres se abrem a minha frente?
Não sei. Realmente não sei e não entendo o que viu em mim. Uma garota qualquer, numa mesa qualquer de algum bar, bebendo e tagarelando sobre a vida. Qual foi o start? De onde veio a vontade de se aproximar? E, depois da primeira impressão, por que tanta insistência?
Acho que é por não acreditar mais nos tais príncipes que eu tanto quis encontrar um dia que a toda hora me pego perguntando como é que você pode querer continuar me vendo, falando comigo... Não é que você seja assim tão perfeito para os meus sonhos, nem que se encaixe de forma integral nos modelos que desenho em minha mente toda vez que a solidão aperta, mas é que você é muito melhor do que toda pessoa que eu tenho costume de cruzar. Isso assusta. Estou escolada em rejeição, mas não entendo muito de reciprocidade. Lido bem com a indiferença, só que não consigo me acostumar com gentilezas e sorrisos “a troco de nada”. Sempre parece que estou sendo passada para trás. Fica um cheiro de disfarce no ar.
Talvez, uma das frases da Clarice Lispector de que mais gosto caiba para esse momento: “E, se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.”
Enquanto as coisas não se esclarecem e a verdade permanece escondida no desconhecimento que temos um pelo outro, eu sigo pensando, me questionando. Só espero que as respostas venham logo. E que elas não me desapontem.
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