A gente demora a fazer as coisas que pretendemos... vem alguém e faz na frente... Não adianta nem reclamarmos depois. A culpa é toda nossa. Falo isso porque quando voltei da Páscoa esse ano, passei vários dias relembrando nossa história. Até escrevi para você (sem mandar, claro). Daí, sem querer, descubro que você está realmente escrevendo sua história (ou passando a limpo a nossa) com uma pessoa diferente...
... Escrevi para você, de novo, hoje.
13-04-09 Não me pergunte o porquê. Mas eu preciso te escrever. Não sei se para falar dessa tortura que faço com meu coração, ora amando o amor, ora renegando-o até a morte. E eu morro. Encho meus pulmões com cada gole de ar sem vida, sem pretensão, sem rumo, sem amanhã. Mas o amanhã insiste em chegar. Ainda que eu esteja morta, o dia nasce vivo, o sol brilha ainda mais forte, tudo conspira para que eu tussa e expulse de mim tudo que lembre essa falta de movimento e de atitude que dormem comigo. Volto a viver. Por mais que eu não queira, eu recomeço a ter vida. Meu coração dispara, a cor volta ao meu rosto. E, como não sei viver sem amor, o amor em mim revive também. E volto a amá-lo. Não sei dizer se estou te escrevendo para falar que meu amor por você acordou. Mas tem uma voz aqui querendo berrar seu nome. Pareço um cão perdido tentando achar o dono. Tenho cheirado e acarinhado um sem número de pessoas, mas nenhuma delas tem o cheiro que procuro, o jeito certo de coçar minhas orelhas. Cansei de revirar lixos e passar noites e mais noites perambulando sem direção. Não quero mais essa vida de ruas desertas, de noites de frio. Quero alguém para quem eu possa fazer festa todo dia depois do cansaço do trabalho, quando a porta de casa se abre e mais nada pode nos atingir no mundo. Quero poder sorrir todo dia de manhã quando eu perceber a proteção perto de mim. Também quero proteger, vigiar, espantar todo mal que possa se aproximar do recanto de paz e sossego que será nosso lar... Lar? SERÁ NOSSO LAR? É. Estranho. Pensei que nunca mais pensaria nisso... Não me pergunte por quê. Mas tem algo nosso querendo rasgar meu peito. Fugir, te achar. Estou tentando resistir. Minha instabilidade não pode te machucar mais uma vez. Logo, logo, morro de novo. Mato esse desejo de novo. E tudo vai voltar ao normal, sem que você note as linhas que te escrevi hoje.
05-07-09 Você estica a mão para que ela coloque a aliança, enquanto eu me encolho por dentro, tentando desaparecer em meio a tudo que me veio à cabeça depois da notícia... E, recapitulando minha vida, analisando o que fiz desde que decidi que rumaríamos por calçadas diferentes, percebi que você foi bem mais além que eu. Parece que pegou tudo que admirava em mim e deu um salto gigante em direção ao que eu queria que você fosse, para poder admirá-lo. Não é que eu já não admirasse. Porém, essa minha eterna insatisfação comigo mesma faz com que eu seja eternamente insatisfeita com tudo e todos, porque mudo muito, subo e desço a todo momento e, assim, lanço para o céu ou para o fundo do poço tudo que há quinze minutos pudesse parecer plausível e desejável.
Eu admirava você: sua garra, sua coragem, seu amor por mim, o jeito doce com que olhava o mundo quando lhe convinha olhar, o modo bruto de resolver as coisas sem pensar no depois, sempre pensando depois em nunca mais agir daquela forma e em não ferir as pessoas com atos impensados. Acima de tudo, eu sempre admirei e sempre vou admirar sua determinação. Afinal, você me conquistou assim, né? Determinado, persistente, dedicado... Você me tirou de uma escuridão sem fim e me trouxe de presente uma luz calma, tranqüilizante, uma certeza de que as pessoas podem valer a pena, por mais que a vida não seja um mar de noites estreladas e dias ensolarados.
Deve ser mais ou menos isso que aconteceu com você. Eu te deixei na mão no meio da rua, te mandei atravessar e não olhar para os lados, apenas seguir sua vida, sem se preocupar com o lugar em que eu estaria, sem se perguntar em qual esquina eu teria virado, sem querer saber se haveria subido em um ônibus, tomado um avião, me enfiado na frente de um carro. Somente quis seguir meu caminho e, do nada, estendi meu querer a você. Não perguntei se a paisagem te agradava. Soltei minha mão da sua. Apontei o outro lado da rua. Mirei o horizonte e saí a percorrer a trajetória que julguei ser a única capaz de me levar à realização dos meus ideais de super pessoa, super profissional e super felicidade.
Tudo bem. No fundo, apesar de achar que um ponto ou outro pudesse ser mudado nessa rota que tracei e segui até aqui, tenho que admitir que foi o melhor que podia ter feito naquele tempo. Eu estava completamente sufocada e podada pela certeza que você me dava. É, sei que é estranho se engasgar com o doce que mais se adora, mas foi isso que aconteceu. Eu nunca tinha tido certezas em minha vida. Ninguém nunca havia me levado a sério, nem considerado meus sentimentos, nem pensado em mim em primeiro lugar, nem, muito menos, me feito feliz por me amar do jeito que eu era e por querer viver comigo para o resto da vida, independente dos contratempos que aparecessem no futuro. E você me deu tudo isso de uma vez só, numa única caixa, num único presente sem data definida para se presentear... Resultado?!? Surtei! Meus pés saíram do chão e eu precisava tê-los de volta fincados na terra firme. Eu precisava provar a mim mesma que podia viver sem seus cuidados...
Ainda que isso não explique nada, posso te garantir que nenhuma explicação que tentei dar até hoje foi uma desculpa, uma história inventada para amenizar alguma cretinice. Se nada ficou claro para você, é porque também não havia claridade para mim e, talvez, só hoje eu saiba definir melhor as idéias que me levaram a fazer o que eu fiz.
De qualquer forma, quando digo que deve ter sido mais ou menos isso que aconteceu com você é porque penso que posso ter te jogado em um lugar sem iluminação, sem pessoas confiáveis para te ensinar a direção. Posso ter te colocado num beco sem saída, ou, pelo menos, num labirinto sombrio, desesperador. E enquanto eu rumava para o meu "futuro brilhante", sem pensar em olhar para o lado, nem para trás, nem para qualquer outro lugar que tivesse sido tocado por você, você foi desenvolvendo suas habilidades, foi engrandecendo, encontrou a mão amiga que te ajudou a sair das vielas tortuosas em que te enfiei. Aos poucos, ela foi te trazendo os raios de luz de volta, do mesmo modo como você havia iluminado minha vida anos antes. Ela foi ganhando sua confiança, seu coração e, agora, sua promessa de uma vida inteira de cumplicidade ao seu lado.
Aqui, do outro lado da rua, eu fico espiando... Nunca pensei em virar e seguir sentido contrário. Jamais cogitei pegar uma estrada que me levasse para um lugar distante, impossível de te alcançar... Acho que a idéia inicial era irmos lado a lado, embora não estivéssemos juntos. Mas ao mirar a frente, eu esqueci de virar o rosto de vez em quando, né? E você deve ter se cansado de andar sempre com a cabeça virada, sem retorno algum... Resolveu mudar o foco. E encontrou seu porto seguro, seu ponto de parada.
Dói perceber que não posso atravessar e pedir para voltarmos ao ponto de partida. A largura dessa rua que nos separa só aumentou com o correr dos anos...
Penso eu que continuarei aqui, na paralela... Bem, pelo menos até que vocês decidam para que lado preferem ir depois que definitivamente assumirem o que essa aliança representa. Estou toda doída, pequena, rasgada. Mas continuarei por aqui... caminhado... seguindo o plano inicial... quem sabe assim, um dia, você perceba que estou te acompanhando, mesmo de longe, e resolva voltar a caminhar comigo...
Eu admirava você: sua garra, sua coragem, seu amor por mim, o jeito doce com que olhava o mundo quando lhe convinha olhar, o modo bruto de resolver as coisas sem pensar no depois, sempre pensando depois em nunca mais agir daquela forma e em não ferir as pessoas com atos impensados. Acima de tudo, eu sempre admirei e sempre vou admirar sua determinação. Afinal, você me conquistou assim, né? Determinado, persistente, dedicado... Você me tirou de uma escuridão sem fim e me trouxe de presente uma luz calma, tranqüilizante, uma certeza de que as pessoas podem valer a pena, por mais que a vida não seja um mar de noites estreladas e dias ensolarados.
Deve ser mais ou menos isso que aconteceu com você. Eu te deixei na mão no meio da rua, te mandei atravessar e não olhar para os lados, apenas seguir sua vida, sem se preocupar com o lugar em que eu estaria, sem se perguntar em qual esquina eu teria virado, sem querer saber se haveria subido em um ônibus, tomado um avião, me enfiado na frente de um carro. Somente quis seguir meu caminho e, do nada, estendi meu querer a você. Não perguntei se a paisagem te agradava. Soltei minha mão da sua. Apontei o outro lado da rua. Mirei o horizonte e saí a percorrer a trajetória que julguei ser a única capaz de me levar à realização dos meus ideais de super pessoa, super profissional e super felicidade.
Tudo bem. No fundo, apesar de achar que um ponto ou outro pudesse ser mudado nessa rota que tracei e segui até aqui, tenho que admitir que foi o melhor que podia ter feito naquele tempo. Eu estava completamente sufocada e podada pela certeza que você me dava. É, sei que é estranho se engasgar com o doce que mais se adora, mas foi isso que aconteceu. Eu nunca tinha tido certezas em minha vida. Ninguém nunca havia me levado a sério, nem considerado meus sentimentos, nem pensado em mim em primeiro lugar, nem, muito menos, me feito feliz por me amar do jeito que eu era e por querer viver comigo para o resto da vida, independente dos contratempos que aparecessem no futuro. E você me deu tudo isso de uma vez só, numa única caixa, num único presente sem data definida para se presentear... Resultado?!? Surtei! Meus pés saíram do chão e eu precisava tê-los de volta fincados na terra firme. Eu precisava provar a mim mesma que podia viver sem seus cuidados...
Ainda que isso não explique nada, posso te garantir que nenhuma explicação que tentei dar até hoje foi uma desculpa, uma história inventada para amenizar alguma cretinice. Se nada ficou claro para você, é porque também não havia claridade para mim e, talvez, só hoje eu saiba definir melhor as idéias que me levaram a fazer o que eu fiz.
De qualquer forma, quando digo que deve ter sido mais ou menos isso que aconteceu com você é porque penso que posso ter te jogado em um lugar sem iluminação, sem pessoas confiáveis para te ensinar a direção. Posso ter te colocado num beco sem saída, ou, pelo menos, num labirinto sombrio, desesperador. E enquanto eu rumava para o meu "futuro brilhante", sem pensar em olhar para o lado, nem para trás, nem para qualquer outro lugar que tivesse sido tocado por você, você foi desenvolvendo suas habilidades, foi engrandecendo, encontrou a mão amiga que te ajudou a sair das vielas tortuosas em que te enfiei. Aos poucos, ela foi te trazendo os raios de luz de volta, do mesmo modo como você havia iluminado minha vida anos antes. Ela foi ganhando sua confiança, seu coração e, agora, sua promessa de uma vida inteira de cumplicidade ao seu lado.
Aqui, do outro lado da rua, eu fico espiando... Nunca pensei em virar e seguir sentido contrário. Jamais cogitei pegar uma estrada que me levasse para um lugar distante, impossível de te alcançar... Acho que a idéia inicial era irmos lado a lado, embora não estivéssemos juntos. Mas ao mirar a frente, eu esqueci de virar o rosto de vez em quando, né? E você deve ter se cansado de andar sempre com a cabeça virada, sem retorno algum... Resolveu mudar o foco. E encontrou seu porto seguro, seu ponto de parada.
Dói perceber que não posso atravessar e pedir para voltarmos ao ponto de partida. A largura dessa rua que nos separa só aumentou com o correr dos anos...
Penso eu que continuarei aqui, na paralela... Bem, pelo menos até que vocês decidam para que lado preferem ir depois que definitivamente assumirem o que essa aliança representa. Estou toda doída, pequena, rasgada. Mas continuarei por aqui... caminhado... seguindo o plano inicial... quem sabe assim, um dia, você perceba que estou te acompanhando, mesmo de longe, e resolva voltar a caminhar comigo...
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