domingo, 9 de maio de 2010

Sobre paixões e tietagens...

Quantos milhões de pessoas já te escreveram? E de quantas centenas de escritos vc se dignou a ler o começo? Quantas dezenas te levaram a perder meia dúzia do seu tempo em leitura? E quantos um ou dois vc percorreu de cabo a rabo? Não sei em qual dessas estatísticas eu me incluirei. Espero que eu seja o primeiro ou o segundo da última hipótese. Interessa que de uns dias pra cá dei para me apaixonar por vc. Como toda paixonite minha, vc entrou em minha vida pela porta do desdém. Passou pelo corredor do ‘vc me irrita’. Tanta aparição em tanto lugar onde eu não queria te encontrar. Por que todo mundo tem que aplaudir seu talento? Por que todos comentam seus sucessos? Por que, apesar de humano, vc é tão perfeitamente de outro mundo? Acontece que depois de muito relutar, atravessei o tal corredor, desdenhosa, e dei de cara com a porta do quarto da adoração. Tá. Vc assina em seus documentos: RJ. Eu, aqui, no meu simples ap (sem vista para o mar): SP. Simples siglas que denotam a primeira das inúmeras distâncias que nos separam. Além dessa, eu poderia passar o resto da noite enumerando outras. Mas de que adiantaria reforçar o que eu, vc, e todos sabem a nosso respeito?

NOSSO respeito’? Quem eu ouso achar que sou para usar um pronome possessivo que te inclua? A única coisa que possuo é a idealização de uma pessoa que interpreta milhões de papéis como profissão e outros tantos como ser humano – por que não interpretar o que eu desejo? Estou aqui, procurando a saída desse quarto escuro, sem encontrar. Tateio as paredes, sabendo que, quando a luzes se acenderem, eu vou voltar ao meu estado normal, sem alucinações, sem idealizações, sem adorações que não passam de puro desconhecimento.

Se eu te conhecer, eu sei que minha paixonite se converte em admiração. Se eu te admirar pela pessoa que vc é, vou deixar de te adorar pela pessoa que eu idealizo que vc seja. Me ajuda a desconstruir o que inventei?

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