sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sobre a chuva...

Esse barulho de chuva me lembra carinho.



Carinho de mãe.
Carinho de amigo.
Carinho de amor.


Aconchego de abraços longos,
Cafunés descompromissados,
Pés querendo se encontrar embaixo do edredom,
Mãos se cruzando...


Chuva não combina com solidão!
Chuva combina com dança no quintal,
pés descalços,
alma despida.


Chuva combina com janela embaçada e chá quente com pipoca.
(E já viu ter graça comer pipoca sozinho?)


Chuva tem ar de descanso,
de folga,
de hora de ser quem se é,
maquiagens borradas ou não.


A chuva é um convite à conversa,
para maldizer ou apreciar essa peripécia do céu ou, simplesmente,
para se olhar e expressar o sentimento de que como ela, tudo passa.


Para mim, a chuva induz o contato:
pode ser se apertando embaixo de um guarda-chuva,
secando o filho que chegou ensopado do colégio,
ou rodopiando pelas ruas, quando nada mais de seco se resta.


E acho que é por isso que me inquieto toda vez que ouço esse pinga-pinga de água: nunca tem ninguém por perto! - seja para me acarinhar, seja para correr comigo pro lado de fora ou pra dividir comigo essa paixão pelo som mais calmo e mais atormentador que existe.

Nenhum comentário: